sábado, 12 de março de 2011

As Tempestades da vida...


               A natureza sempre me encantou. Amo árvores, mares, rios, cachoeiras, animais, especialmente os selvagens, céu, dia noite, tudo me encanta. Quando cheguei ao IBAD, vi que o lugar era repleto de árvores, coisa que me deixou bem contente, afinal, ouvir o canto dos pássaros no final da tarde é uma oportunidade divina.
               Certa tarde caiu uma forte tempestade, daquelas fortes mesmo, (e quando eu digo forte, acredite, era forte!). Ficamos duas meninas e eu olhando pela janela os raios, ouvindo os trovões e contemplando os relâmpagos, aquele espetáculo de poder da natureza... Após alguns minutos de tempestade percebemos que o cenário que se desenrolava à nossa frente já não era tão glorioso, alguns galhos secos começaram a cair, folhas do alto das árvores vencidas pela impetuosidade da chuva começaram a se render e com uma velocidade maior do que a normal caiam ao chão, sem forças sequer para lutar. Além disso, coisas que estavam em cima do telhado começaram a cair, desde galhos de árvores, a papéis, e coisas que nem imaginávamos estar em cima do prédio.
               A tempestade passou, e só então pude perceber o tamanho da “destruição” que havia causado, um certo grau de indignação tomou conta de mim, pensei seriamente como aquilo poderia ter acontecido? Para mim tudo aquilo parecia um caos, não conseguia aceitar, ver tantos galhos de árvores caídos, folhas aos montes amontoadas no chão, e o lixo que caiu do telhado? O que era aquilo pelo amor de Deus? Alguém poderia me explicar?
               Fiquei pensando com meus botões, e de repente comecei a ver vida em meio a destruição... Deus começou a ministrar ao meu coração, e eu fui vendo além daquela tranqueira espalhada pelo chão... por um momento, eu me senti como aquele lugar, que estava em perfeita paz, até que algumas nuvens decidiram se formar... e assim derramar uma forte tempestade. Descobri que as folhas que as folhas que caíram ao chão eram em sua maioria folhas secas, mortas, que já não davam vida à árvore, e era necessário que elas saíssem para dar lugar a novas folhas. Percebi também que antes da tempestade, tudo estava “perfeitamente bem” até que toda aquela água começou a lavar o telhado do prédio, então a sujeira que antes estava escondida foi revelada.
               Percebi que na maioria das vezes quando somos surpreendidos por tempestades da vida, nos questionamos e tendemos a ver apenas a aparente destruição que um forte vento causou, e ficamos incomodados com isso, pois começamos a ver folhas, sujeira, poeira e muitas coisas que estavam escondidas, e quando o vento vem tudo isso é revelado, pois com as tempestades da vida percebemos as nossas imperfeições, falhas, erros, pecados... Tudo isso nos incomoda, e como incomoda... Acho que sei por que nos causa tanto incômodo, por que percebemos que essa sujeira saiu do nosso telhado, é nossa, por mais que não queiramos admitir, as folhas e galhos secos pertencem, ou pertenciam a nós. É difícil admitir, pois temos o desejo de sermos perfeitos, o homem cobra isso de si desde a queda do Éden, quando Adão e Eva se vestem com folhas de figueira eles queria mostrar uma perfeição que não tinham, queriam corrigir erros que eles não poderiam nunca corrigir, e inevitavelmente herdamos isso deles... Buscamos uma perfeição inalcançável por nossas próprias forças. E quando vêm as tempestades da vida e nos apresentam nossas falhas, relutamos, e teimamos dizendo que não é justo o forte vento pelo qual estamos passando.
               Aprendi, que após uma grande tempestade só há uma coisa que podemos fazer: pegar uma vassoura, uma pá, um saco bem grande de lixo e começar a recolher aquilo que caiu... Limpar o terreno, é isso que precisamos fazer. Não podemos deixar a sujeira toda lá, pois isso só deixaria uma péssima vista do ambiente. No mundo físico, isso é fácil, qualquer um pode recolher folhas e galhos secos, já no espiritual, precisamos da ajuda do Mestre.
               É impossível limparmos nosso “terreno” depois de uma tempestade que o próprio mestre mandou para nos mostrar nossas falhas (a semelhança de Pedro que percebeu que era fraco e tinha dúvidas em sua fé, em meio a tempestade que enfrentou no mar). Quando é o próprio Mestre que nos manda um vendaval, precisamos entender que Ele nos ajudará, e assim como fez com Pedro nos segurará não mão e não nos deixará afundar. Sabe por quê? Por que somente Ele é Perfeito, e apenas Ele pode nos mostrar o caminho da perfeição...
               Depois desse episódio, continuei amando a Natureza, mas agora a vejo com outros olhos, afinal, cada folha de árvore, ou gota de orvalho, é uma carta escrita pelo Sumo Criador às suas finitas criaturas...
Kelly Priscila
14/02/2001 - Verão
Limeira/SP 12:41am